Under the Skin: ET for adults


What does Earth look like through the eyes of an alien? If you ever wondered about it, now you have a plausible answer: it looks like Scotland! The language is weird, humanity is mostly friendly and naive, and the views are breathtaking. It’s a cold  and lonely place in general, but you will have plenty of opportunity to be on the receiving end of much warmth: especially if you look like a dark-haired and full-lipped Scarlet Johansson. However, the place can have its dangers.

After using only her sexy voice to play an operating system with which Joaquin Phoenix’s character falls deeply in love in the academy award-nominated  movie Her, the actress takes on another risky role in director Jonathan Glazer’s Under the Skin. Now she’s nothing less than a predator alien in the shape of a beautiful woman, who spends most of her time driving along desert streets on the hunt for lonely men – who cannot believe their luck! Only, contrary to the preys’s idea, the plan is not sex, but to turn them into ET food.

Under the skin, the movie

Under the Skin, the movie

Under the Skin is not a movie for the masses. It’s slow at times and there’s hardly any dialogue. Just like 2001 a Space Odissey in its day, it does not explain everything you want to know: I guess you would need to read the novel it’s based on to find out all the details. However, Scarlet Johansson has enough star quality to carry the movie on her spotless shoulders. And the viewer will see a lot more than her shoulders, as the movie features a great number of explicit nude scenes.

The plot is also not without flaws, as, in my opinion, the change of the main character from alien predator to traveler open to new experiences and excited about discovering a new world is too sudden. However, the movie lasts the right amount of time, it does not drag and finishes exactly when it should.

It’s worth pointing out, as well, that it portrays one of the most poignant scenes in movie history: an abandoned toddler crying on an amazingly beautiful and desolate beach, waiting for its parents to come back from the sea. In addition to this, the underwater scene which shows men being turned into alien food is also very original.

Kudos to Ms Johansson, who does not play safe or shies away from challenging endeavours. I wonder what her next role will be.

Au revoir

Jorge Sette

Se “ELA” fosse uma professora…


A estreia do filme Ela (Her) se deu hoje em São Paulo.  Como havia lido os  comentários e ouvido sobre as premiações, minha expectativa era grande: era o primeiro da fila no cinema que escolhi. A história me interessava muitíssimo.

(Aviso: este artigo contém SPOILERS sobre o filme HER.)

Entrei no cinema 10 min antes do horário previsto para o começo do filme, e evidentemente, tive que checar meu iPad e iPhone umas duzentas vezes para preencher o vazio desse interminável intervalo. Ah, a ansiedade desses tempos modernos!  Fiz também a SIRI uma ou duas perguntas e ela pediu para acessar a minha conta do Twitter para a busca.  Me chama HORGUÊ  a gracinha. Gringa. Mas deu a resposta. Agora a situação piorara, o filme não começou ao final desse tempo. Quinze minutos depois da hora prevista, ainda não havia nem sinal de vida na cabine de projeção. Mais uns cinco minutos, e uma funcionária entrou espavorida e disse que houvera um imprevisto técnico.  O início do filme atrasaria mais um pouco. Ótimo prenúncio para um filme cujo história envolve um homem  que se apaixona por um sistema operacional: uma falha na tecnologia! Pressenti que o relacionamento retratado na tela tinha grande chance de ser um vôo turbulento!

O filme não decepciona, muito pelo contrário. Se não é exatamente revolucionário nas ideias, nos faz pensar muito sobre o que é a essência do ser humano e seus relacionamentos. Resumo da história:  Theodore (Joaquin Phoenix), separado da esposa, está prestes a assinar os papeis do divórcio, mas hesita, assim como ela, pois afinal de contas, trata-se de desfazer-se de toda uma vida construída juntos, desde jovens. Ele se sente solitário, e,  depois de experimentar algumas alternativas para conectar-se com outros seres humanos – incluindo linhas de sexo por telefone (numa cena hilariante, por sinal) – compra e se apaixona por um sistema operacional que se autodenomina Samantha (representado pela sensualíssima voz de Scarlett Johansson). O “OS” (operational system) tem um inteligência artificial  que se desenvolve e aprende, à medida que interage com humanos e outras máquinas.

Se o motivo do divórcio eram os problemas emocionais por que todos os casais passam, quando cada parte inevitavelmente muda e evolui, distanciando-se do parceiro, como seria lidar com isso numa relação com um computador que aprende constantemente e se torna cada vez mais autoconsciente? Não vou entrar em detalhes para não estragar o prazer de quem vai assisitir ao filme,  mas a reposta é: NÃO MUITO DIFERENTE!

her-movie

HER, the movie. Theodore and Samantha.

Imaginei como seria “HER” num contexto da Educação,  com programas e sistemas operacionais substituindo professores humanos. Afinal de contas, blended learning já é uma realidade sem volta. Obviamente, as grandes vantagens de interagir com uma máquina são a retroalimentação imediata, a personalização do ensino, a adaptabilidade da rota da aprendizagem ao progresso do aluno, e a flexibilidade do acesso online, permitindo que o aluno aprenda onde e quando queira. Essas atividades são indiscutivelmente executadas melhor por um computador.

Além disso, assim como no filme, o relacionamento  entre aluno e professor pode também facilmente prescindir da fisicalidade do contato.

Samantha,  o OS, no entanto, evolui a tal ponto ao longo da história que não lhe interessam mais os problemas humanos, está num nível muito superior de busca e preocupações existenciais, o que compromete seu relacionamento. Theodore busca então consolo numa amiga, real,  humana. Dessa forma, o filme parece concluir que seres humanos sempre necessitarão do contato com um semelhante,  alguém tão falho, inseguro, carente e, principalmente, dotado de um mesmo nível de complexidade emocional (nem superior,  nem inferior). Essa necessidade vale tanto para uma relação pessoal, como acadêmica, ou corporativa.

Claro que, dada a velocidade das mudanças tecnológicas por que passamos, não me aventuraria a prever exatamente o papel que o professor desempenhará amanhã.  Mas, se tomamos como exemplo a lógica do filme, a maior vantagem do ser humano está justamente na sua IMPERFEIÇÃO. A nossa própria fragilidade, se usada para potencializar e informar a empatia (a habilidade de sentir como o outro), será provavelmente a ferramenta que professores humanos disporão para se fazerem indispensáveis a seus alunos.

Au revoir

Jorge Sette.