No meu post do ontem neste blog, fiz um resumo das novas tendências e tecnologias no ensino/aprendizagem de línguas. Pelos comentários que recebi, notei que alguns dos meus amigos professores se sentiram incomodados e um pouco amedrontados diante da possibilidade de insegurança e instabilidade nos seus empregos num futuro próximo. Bem, estabilidade no emprego é algo que já não existe mais, bem-vindos a 2014!
São muitos os fatores que influem na instabilidade profissional dos nossos dias e não é nosso objetivo discuti-los aqui. Por outro lado, não acho que ela se deva especialmente à mecanização e automatização de algumas funções proporcionadas por programas para ensino de línguas disponíveis online.
É indiscutível que o futuro da educação como um todo passa pela Internet: MOOCs (Massive Open Online Courses) e outras tendências semelhantes vieram para ficar. No entanto, o papel do professor como educador é bem mais amplo do que um mero apresentador de pontos gramaticais, corretor de exercícios, e elaborador de provas.
Acabo de assistir a um filme bem interessante e complexo sobre a influência que uma professora nos anos trinta na Escócia tinha sobre suas seletas alunas numa escola religiosa de classe alta (The Prime of Miss Jean Broady – traduzido horrivelmente como A Primavera de um Solteirona), com a inigualável Maggie Smith (ganhadora do Oscar por esse papel. O filme está disponível em DVD, é do final da década de sessenta, mas envelheceu bem). Ao contrário do açurarado (mas também meritório) Dead Poets Society, o primeiro filme vai mais além, pois tem a ousadia de também discutir a influência nefasta que algumas idéias e atitudes do professor podem ter sobre seus alunos. (vejam a foto do filme abaixo):
O ponto em questão aqui é enfatizar que a relação professor/aluno tem uma importância e consequências, sobretudo em se tratando de crianças e adolescentes, que vão muito além da sala de aula. Dessa forma, acredito que ainda está muito distante o tempo em que o papel do professor possa ser totalmente substituído por um programa de computador. Incentivo e apoio moral, interação contextualizada, emoção e carinho são aspectos do processo didático que ainda não podem ser replicados automaticamente.
Pensem em programas online como um complemento eficientíssimo no arsenal de que alunos e professores podem dispor na aquisição de uma nova língua. Desde a exposição a outros modelos de falantes (a maioria nativos), passando pela personalização da aprendizagem, e chegando à incontestável atração que os mais jovens sentem pelo mundo online (será que são só eles? Só me desgrudo do meu iPad quando estou nadando, e não vejo a hora de inventarem um à prova d’água!).
A automatização dos programas de ensino de línguas online tem como benefício a liberação do tempo do professor para, em sala, dedicar-se às tarefas que ainda não são feitas eficazmente pelo computador, como a diferença positiva que o contato humano direto adiciona à experiência da aprendizagem.
Au revoir
Jorge Sette.
Um professor nunca será substituído por uma máquina. Sua presença é necessária, não só para esclarecer dúvidas, clarificar ideias, mas a questão afeto-humanística é de extrema importância. Quando pensamos “He cares about my learning.”, nós temos a necessidade de contar com esse alguém para reforçar, aumentar, manter nossa motivação para assimilar o conhecimento.
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Concordo, Lilian. Thanks for the feedback.
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