Let’s corrupt the youth!


They were right after all. We are seeing a comeback (were they ever really gone anywhere?) of some of the old theories about learning and how teachers should conduct their lessons. Edtech is making possible the practical application of the Socratic method, of Paulo Freire’s pedagogy, of Vygostky’s studies and experiments. All the other pedagogues who have advocated more direct involvement and participation from the students in their own learning are being vindicated and having their theories confirmed and validated.

Some of the methodologies we see in use today are becoming possible because of the realization of individualized learning. It boils down to a student facing her app alone in her bedroom to start with. And from there we can exploit the use of questions (Socrates) to lead that student further and further on the path to the right answer, or, even better, to her own answer in the case of a more abstract problem (such as moral, ethical or political issues); we can personalize teaching to make the context more relevant for each of the students, and therefore resonate with them (Paulo Freire); and we can flip our lessons, having students reconvene in class afterwards to cooperate in solving problems (Vygotsky), after having spent time alone in their homes doing research, reading, watching TEDs or other relevant videos on YouTube.

The Death of Socrates. Rosa, Salvator.

The Death of Socrates. Rosa, Salvator.

We have always known that personalization, cooperation and inductive approaches worked fine.  They have the power of grabbing the students’ interest and attention, keeping the findings longer in their memory. We’re clever teachers after all, we do our homework as well, we went to college and were fascinated by Plato and his dialogues, we felt invigorated by the potential and possibilities of the pedagogy of Freire; and we could easily see that pairing off weaker students with strong ones who would pull them along zones of proximal development made total sense.

But we lacked the means to make it happen. How to apply these exciting methods to classes of more than 30 students (or even more sometimes)? How can a single teacher dedicate enough time to the needs of individual students in these conditions? How much time is there outside the class for teachers to mark essays and homework, to create interesting lessons, to prepare the long  – and possibly very boring (for the students) – lecture to present on the following day?

The good news is things are changing. More and more, the new technology being created will allow us to go back to the masters and make the most of their wise insights and theories. Few teachers doubt that learning is up to the student. It’s their direct responsibility. Teachers are important channels and organizers of the different methods students will have to use actively themselves on their way to discoveries.

Let’s not be afraid of using apps, audience response systems, flipped classrooms and LMSs  in our schools to recreate the necessary conditions to hand learning back to where it belongs: the students! Socrates was sentenced to death for doing exactly that. They called it “corrupting the youth” back then. Well, “Toto, I’ve a feeling we are not in Kansas any more”. Let’s corrupt them!

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Au revoir,

Jorge Sette.

Ensinando linguagem com Michelle Pfeiffer e Dylan


Acabo de ler no Twitter que, por esses dias, uma professora da Flórida nos EUA, com um histórico  profissional impecável, foi suspensa por três dias, por ter passado aos alunos, como dever de casa, a análise da letra da canção Six Foot Seven Foot  do cantor de rap Lil Wayne. Os pais, enfurecidos, reclamaram e a professora foi suspensa.

Os alunos eram da oitava séria americana, ou seja, têm entre 13 e 14 anos de idade. A ideia da professora era que os alunos identificassem linguagem figurada no texto. Aparentemente, a pobre professora já havia tentado ensinar-lhes conceitos de jogos de palavras, símile e metáfora, usando Shakespeare e Edgar Allan Poe, mas não funcionara!

Se vocês checarem a letra de Six Foot Seven Foot na internet, vão provavelmente concordar com os pais,  já que é bastante explícita em tópicos de sexualidade e violência. Não me surpreende que a tenham achado inadequada para alunos dessa faixa etária.

No entanto, gostaria de discutir mais a fundo a atitude da professora, baseado em exemplos pessoais como professor e como educador.

A professora pode ter ido além dos limites aceitáveis, mas é imprescindível que o ensino seja baseado na realidade, interesses e expectativas dos alunos,  pelo menos como ponto de partida, do contrário o trabalho do professor se frustrará. Faz parte da missão do professor assumir riscos.

Num filme que recomendo a todos, DANGEROUS MINDS (Mentes Perigosas, disponível em DVD),  Michelle Pfeiffer protagoniza uma professora designada para ensinar estudantes segregados em uma “sala para alunos especiais”. São de uma rebeldia  e indisciplina bem conhecidas dos que ensinam nas escolas de periferia das grandes cidades. Depois da esperada rejeição inicial por parte dos alunos, ela vai, passo a passo, conquistando-os. Para isso, usa com êxito táticas parecidas com as da professora da Flórida, mas com variações que fazem toda a diferença. A competição Dylan-Dylan que  propõe aos alunos é um exemplo:

Percebendo rapidamente que  seria impossível manter os alunos interessados na poesia de  Dylan Thomas, que fazia parte do programa curricular,  ela  lhes pede que pesquisem um poema de Dylan Thomas que seja parecido em conteúdo  ou tema com a  letra de uma canção de um outro Dylan, o Bob, muito mais acessível aos alunos,  e que já vinham lendo em aulas anteriores.  É a chamada competiçao Dylan-Dylan. O prêmio para os ganhadores será um jantar com a professora num restaurante mais fino, de modo a motivá-los a participarem da gincana.

Os alunos participam ativamente, consultando livros do poeta Dylan Thomas na biblioteca, diante dos olhos incrédulos da bibliotecária, e discutindo os textos em pequenos grupos.

É interessante notar que uma cena anterior à da  proposta da competição nos  remete diretamente à tática da professora da Flórida.  O personagem de Pfeiffer e alunos discutiam o significado da letra de “Mr. Tambourine Man”,  conhecida canção de Bob Dylan, e em determinado momento a professora aventa  a possibilidade de que o tal “Homem do Pandeiro” possa ser um código (metáfora) para um traficante de drogas. Os alunos embarcam totalmente nessa interpretação: estão agora no mundo que conhecem, dos bairros duros em que moram, das pessoas que têm como vizinhos,  e se sentem muito à vontade expandindo a interpretação da professora. Batalha ganha!

Essa tática diverge da usada pela professora da Flórida nos seguintes pontos: os alunos  do filme eram mais velhos, portanto os conceitos abordados não seriam  tão chocantes para eles;  além disso, o objetivo era, partindo de algo mais simples, chegar ao ponto didático programado pela escola: a poesia de Dylan Thomas. Não nos cabe discutir aqui o valor estético de um ou outro poeta, ou a relevância das decisões curriculares da escola, mas ressaltar que a professora no filme foi astuta, subvertendo as normas de forma muito mais sofisticada e menos agressiva que sua colega da Flórida.

Trabalhando numa editora multinacional, tive a oportunidade de dar um treinamento de “gerenciamento de classe” para professores na Jordânia.  O filme Mentes Perigosas tem pontos muito interessantes a esse respeito, mas é um filme de linguagem forte e discute conceitos nada tradicionais, sobretudo para professores de países com uma cultura bem diferente da nossa.  Portanto, temi que seria arriscado apresentá-lo durante meu treinamento. Mas resolvi assumir o risco, depois de discutir com nossos representantes comerciais locais. Qual não foi minha surpresa com a reação dos professores, que, após a exibição do filme, passaram a discutir excitadamente os exemplos mostrados,  procurando formas de adaptar alguns pontos metodológicos à realidade de suas classes. Isso comprova que bons professores são necessariamente pessoas mais abertas a ideias novas e inusuais em qualquer lugar do mundo.

Qual seria então a solução para o professor que deseja se arriscar?  Encontrar um meio termo. Não deixar de se aventurar, e sempre avançar em metodologias  e táticas que sejam novas e que possam surtir efeito mais eficaz na aprendizagem. Mas talvez discutir antecipadamente com colegas, coordenadores e mesmo os pais a possibilidade de usar métodos menos convencionais no ensino de língua e literatura para alunos adolescentes.

Como preconizava o renomado pedagogo Paulo Freire, “ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.”

Au revoir

Jorge Sette